Friday, June 17, 2005

Mesmo quando lhes perder a conta

Há uns tempos dei-me conta de um fenómeno que uma interpretação optimista diria ser revelador de ter passado uma barrreira. deixei de saber em rigor há quantas semanas deixei de fumar.

Lembro-me, naturalmente, que o primeiro dia que estive sem fumar foi uma terça-feira. Consultando o calendário, provavelmente terão sido 16 - dezasseis semanas, ou cento e doze dias ao longo dos quais não acendi um cigarro.

Hoje, ao terminar apressadamente o meu medalhão de novilho alentejano com massa fresca, enquanto esperavam por mim à porta de casa para aproveitar o calor de uma noite de Verão —apesar do início oficial da estação ainda tardar mais uns dias — tive uma vontade louca de acender um cigarro que trancasse os alimentos deglutidos sem calma ou critério.

Quando contei isto a uma amiga, ouvi dela um natural "Ainda?". Tão natural quanto a minha resposta: "Não há problema. Já passa".

Eu sei que há-de passar sempre, desde que tenha paciência e força de vontade para não ceder. Mas também tenho a noção de que hei-de sempre ter a companhia da tentação, mesmo que seja só quando bebo um vinho excepcional e não tenho por perto uma caixa de Montecristo número quatro.

Sei que, mesmo quando o calendário se tiver afastado o suficiente para eu não conseguir recuperar a conta exacta das semanas que se passaram desde que deixei de ser fumador, me há-de continuar a custar a persistência em renegar um prazer que já conheci.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?